Miguel Bonneville prossegue o seu projeto de espetáculos em série sobre as vidas e obras de artistas e pensadores cuja importância tem sido vital no seu percurso artístico. Neste espetáculo, onde a performance e a escrita acontecem numa ligação direta com filosofias políticas radicais, toma como ponto de partida Georges Bataille – ensaísta, filósofo e romancista francês do século XX –, continuando desta forma a procurar formas de desenvolver e desdobrar um corpo pós-cristão ligado a um materialismo dionisíaco capaz de se dobrar, torcer e partir em dois. Continuando a eleger a experiência sensível à explicação lógica, Bonneville faz do luto da “figura humana” um interminável e incurável processo que Bataille quis ou acreditou resolver.
1897
Três anos depois da inauguração do Theatro D. Amelia, nasce o francês Georges Bataille, figura intelectual e literária que trabalha em diversas áreas, como literatura, filosofia, antropologia, economia, sociologia e história da arte. Os seus escritos, que incluem ensaios, romances, e poesia, exploram assuntos ligados ao erotismo, ao misticismo, ao surrealismo e à transgressão. Rejeita a literatura tradicional e acredita que o objetivo último de toda a atividade intelectual, artística ou religiosa deve ser a aniquilação do indivíduo racional num ato transcendental de comunhão. Não há registo da sua passagem por este Teatro, mas o seu pensamento é fundamental para a história do século XX que o São Luiz atravessou.