Um workshop que pretende explorar diferentes formas de escrita documental, a partir do teatro de marionetas e formas animadas.
Raoul Pourcelle e Stéphane Rouxel são os Frères Pablof. Gostam de questionar a realidade de uma forma singular e têm desenvolvido um interessante trabalho em torno da relação entre o documentário e o teatro de marionetas, com a junção de vídeos, imagens, objetos, sons, marionetas ou testemunhos.
“Nós (Les Frères Pablof) somos muito míopes. Preocupados com a nossa perceção do mundo, colocamo-la no nosso trabalho. Fazemos dialogar as histórias de cada um, as nossas pequenas mitologias e manipulamos a nossa perceção da realidade em documentários reais/falsos, de realidades fabricadas em ficções realizadas, para que o nosso mundo possa ser vislumbrado, imaginado ou recordado.
Praticamos uma antropologia louca e selvagem, menos preocupada com o conhecimento, e mais curiosa no que as pessoas nos querem dizer sobre si mesmas. Depois, organizamos a conversa destas palavras, com imagens, sons, com outras palavras, com omissões e colisões, onde esperamos que todos possam escorregar.”
Destinatários: Marionetistas, atores, encenadores, coreógrafos, artistas plásticos, estudantes de artes visuais e performativas
N.º de participantes: 10
Idioma: Português e francês
Data limite de inscrição: 13 de março de 2022
Confirmação de participação: 14 de março de 2022
>> Atenção: caso se inscreva nos dois workshops (“Os Bonecos de Santo Aleixo” e “A realidade posta à prova no palco”), e for selecionado para ambos, terá um desconto de 20€ nesta formação. <<
INFO E INSCRIÇÕES
A inscrição no workshop (sujeita a seleção) é realizada através do preenchimento da ficha de inscrição, que pode também solicitar via e-mail, à qual deverá ser anexada uma nota biográfica, acompanhada de carta de motivação. Pode enviar a documentação necessária via e-mail para: projectofunicular@gmail.com ou atarumba@gmail.com
Uma abordagem documental no nosso teatro, o que significa?
É uma forma de cruzar realidades, vividas ou representadas, de colocar em diálogo no palco, testemunhos reais (áudio ou em vídeo) com as ferramentas de ficção do teatro de marionetas e de objetos. Procurar um ponto de vista, com óculos de míope ou de presbiopia, óculos 3D, ou óculos panorâmicos e olhar para os pés: já é uma abordagem documental, é submeter a “realidade” à “subjetividade”.
Após uma dezena de anos, em busca de nós mesmos, questionamos as identidades de uns e de outros. Convidamo-nos a nós próprios, a vocês e a outros, a pensar em quem somos.
Na nossa abordagem documental, capturamos o trivial, o normal, enquanto rastreamos a singularidade. Não temos a oportunidade de dizer a nós próprios com tanta frequência, tudo o que se passa em cada um de nós em silêncio. Queremos fazer dialogar as histórias de cada um. A partir desta experiência, da qualidade da troca e da emoção partilhada, criamos um teatro de marionetas.
O teatro de marionetas, de objetos ou de formas animadas presta-se particularmente bem a estas trajetórias, de uma história a outra, de uma forma a outra. Tanto permite uma grande angular, como um plano aproximado, e por vezes, até mesmo um grande plano, e tudo isso sucessivamente ou simultaneamente. É esta forma de contar, de pesquisar diferentes histórias, diferentes registos, que compara o que inventámos e o que as pessoas nos contaram. Colocamos no lugar da ilusão, objetos, sons, testemunhos que nos parecem mais reais, porque nos são mais familiares, porque pertencem à nossa realidade quotidiana, fora do teatro. Fabricamos “efeitos de realidade”. É de facto na distância entre estas duas perceções que procuramos uma certa forma de poesia.
Objetivos
Colocar em diálogo diferentes materiais no palco:
• Depoimentos, histórias, entrevistas em vídeo, áudio.
• Marionetas, objetos, materiais diversos.
• Ator, manipulador.
Estar em cena sem encarnar uma personagem.
Reconhecer as especificidades de cada um destes materiais, bem como as suas limitações.
Estudar as suas complementaridades e ressonâncias.
Programa
1 – Ficção e autoficção – Criar histórias com materiais retirados da “realidade” (objetos-fotografias-vídeos-sons).
2 – Utilizar testemunhos gravados ou em direto.
3 – Colocar em cena as relações/ligações entre o objeto, o manipulador e as histórias.
4 – Multiplicar os pontos de vista e os focos na mesma história.
5 – Utilizar depoimentos áudio.
6 – Utilizar depoimentos em vídeo.
7 – Criação de uma forma curta a solo ou em duo.
BIO
A companhia Les Frères Pablof é composta por Stéphane Rouxel, marionetista, ator e músico, e Raoul Pourcelle, marionetista, ator e artista plástico.
Descendentes de uma família russa de aristocratas exilados e sem dinheiro, Raoul e Stéphane, nascidos nos anos 60 e 70, e em busca de si mesmos, inventaram uma família e questionam todos sobre a sua identidade.
No final dos anos 90, criaram espaços de intimidade pública, onde todos podiam falar sobre o seu nascimento. Desde então, nunca mais deixaram de questionar os seus contemporâneos para se reconhecerem nas suas próprias histórias. Criaram os espetáculos Extraits de naissance (que pudemos ver no FIMFA Lx7), Si j’étais une fille, La cour des Grands, Un nuage sans pantalon, eXtime, Ma place à Table, Qu’on vive! e Le grand saut.
Trabalharam também ao lado de Serge Boulier no Bouffou Théâtre, como atores, marionetistas, mas também como assistentes de encenação e coautores, durante quinze anos. Colaboraram também em outros projetos artísticos, com Achille Grimaud ou Renaud Herbin, entre outros.
-Medidas Preventivas COVID
O acesso aos workshops só é possível mediante a apresentação de:
Certificado digital de vacinação que ateste o esquema vacinal completo há, pelo menos, 14 dias / ou certificado de testagem laboratorial, com resultado negativo (PCR realizado nas 72h anteriores ao workshop) / ou antigénio realizado nas 24h anteriores ao workshop) / ou certificado de recuperação, que ateste a recuperação de infeção por Covid há menos de 6 meses.
Não são válidos autotestes.
É obrigatório o uso de máscara no interior do teatro.
Sujeito a alterações de acordo com as medidas de controlo da pandemia.
