Em Espaço, André Murraças e Mia Menezes perguntam como é a relação que se estabelece com o outro: porque é ela tão fundamental? “É no encontro com o outro que nos fundamos como ser e fundamos o mundo que partilhamos. O outro, na sua diferença, grita a nossa condição de desterrados. Encontramos um espaço comum, na cadência dos dias por que somos pautados”, dizem.
Este é um encontro às escuras. São dois estranhos que nunca trabalharam juntos nem se conheciam antes desta oportunidade. São dois artistas com vidas diferentes, obviamente, mas ambos sentem o palco como casa. Assumem os ensaios como lugar de descoberta, como há muito não faziam. “Não houve texto clássico para decorar, um encenador de renome ou emergente, nem tendências de festival de teatro. Houve tempo para estarmos juntos a pensar, a testar disparates. Trabalhámos à distância, por mensagens, depois ao vivo, com horários. Às vezes no café, sim e então? Assim sim, assim não. Escreve tu, escrevo eu, queres entrar aqui, ou isto ficava bem em cena, não? Foi um vamos ver no que isto dá. Sempre marcado por uma urgência de sermos vistos, ouvidos e lidos. Sim, precisamos da vossa atenção.”
A Tempo | Tríptico sobre o ócio
“Nunca nos vimos. Nunca trocámos uma palavra ou um gesto, mas sem saber, vamos passar três semanas juntos.” A Tempo é uma criação multidisciplinar em três atos, que desafia três duplas de artistas de diferentes linguagens, a trabalharem em torno do mesmo mote: a relação “ser e tempo”. Sem nunca se encontrarem, cada dupla trabalha para este objeto performativo comum que espelha em três eixos distintos – Comunicação, Espaço e Memória – a necessidade de repensarmos o tempo e a qualidade das relações. Com curadoria de Marco Paiva, A Tempo junta André Uerba e Tony Weaver (Comunicação), André Murraças e Mia Menezes (Espaço) e Raquel André e Aliu Baio (Memória).
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