ABC da Guerra é um programa de reflexão concebido e conduzido por João Sousa Cardoso, a partir da leitura e da análise de obras da dramaturgia moderna e contemporânea relacionados com a questão da guerra. O ciclo inclui autores nacionais e estrangeiros e decorre entre janeiro e novembro de 2025, com regularidade mensal, na sala Mário Viegas do Teatro São Luiz. A temática não é tratada de modo cronológico nem ilustrativo, podendo pontualmente ser abordada pelo seu avesso ou por linhas tangenciais onde a condição da guerra funciona como pano de fundo (como em As Espingardas da Senhora Carrar, de Bertolt Brecht, com que se encerra o programa) ou onde o conflito social é de ordem económica ou cultural. Em cada sessão, a análise do texto na globalidade (estética, sociológica, política) e nos aspetos particulares (formais, comentários laterais dos autores, intertextualidade) cabe a João Sousa Cardoso, professor universitário e ensaísta, que tem desenvolvido produção teórica no campo da transversalidade do pensamento e do cruzamento das disciplinas artísticas. Em cada sessão, momentos de leitura do texto de excertos da peça cabem à interpretação de uma atriz/um ator, em estreito diálogo com a reflexão crítica. O projeto propõe-se criar um círculo de leitura que promove, numa experiência coletiva, o estudo analítico e crítico de textos da história do teatro dos últimos cem anos, vocacionado para um público que se pretende de profissionais e amadores, teóricos e artistas, agregando diferentes formações e faixas etárias. O dispositivo do auditório e a luz baixa constroem um ambiente de conferência-performance, numa relação de proximidade com a plateia. A conferir unidade cenográfica a estes encontros, a artista visual Ana Pérez-Quiroga criou uma peça original em material têxtil, com a forma de grande manto de dupla face que está disposto em cena, no chão, ou utilizado pelos intérpretes na leitura dos textos. O projeto culminará numa publicação com os dez textos críticos e uma leitura comparativa do conjunto dos textos dramatúrgicos estudados, além das imagens das sessões, a editar em 2026.
Textos: Os Negros, de Jean Genet (1958), Verão e Fumo, de Tennessee Williams (1948), Tão só o fim do mundo, de Jean-Luc Lagarce (1990), Ruínas, de Sarah Kane (1995), As Espingardas da Senhora Carrar, de Bertolt Brecht (1937), entre outros.
João Sousa Cardoso é artista, ensaísta e professor universitário. Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Paris Descartes (Sorbonne). É membro associado do Centre de Recherches Interdisciplinaires sur le Monde Lusophone, da Universidade de Paris Nanterre. Encenou Sequências Narrativas Completas, a partir de Álvaro Lapa, estreado no Teatro Nacional D. Maria II em 2019. Publicou os livros TEATRO EXPANDIDO! (2016), Sequências Narrativas Completas e A Espanha das Espanhas, ambos em 2020. Em 2022, estreou A Ronda da Noite, a partir de Agustina Bessa-Luís na Fundação Calouste Gulbenkian. Escreve regularmente ensaio para as revistas Contemporânea, Electra, Granta e o jornal Público. É docente na Universidade Lusófona.