Das repetidas sessões de trabalho entre Rabih Abou-Khalil, músicos da sua banda e os fadistas Ricardo Ribeiro e Tânia Oleiro, resultou um surpreendente número de songs, com as letras que Jacinto Lucas Pires escrevera para um projectado espectáculo de cruzamento com a expressão mais tradicional do Fado. A sofisticação do canto destes nossos jovens artistas conduziu o músico libanês a um território que se autonomiza a olhos vistos e que passa a excluir a presença convencional do Fado. Digamos que a mitologia que inspirou Jacinto Lucas Pires, a partir das palavras de Silva Tavares e do universo que Alfredo Marceneiro imortalizou, se liberta na originalidade da música de Khalil.
“[…] Rabih Abou-Khalil sempre se habituou a lidar com o mundo e a cultura como se as diferenças e a articulação entre elas fossem a equação mais fácil de resolver. Porque se a linguagem musical não é universal, existe, porém, algures, uma bissectriz que é possível traçar e chegar, eventualmente, a um lugar comum (coisa diferente de um lugar-comum) de entendimento. Como, por exemplo, através do fado.”
João Lisboa
“Estados de Alma”. Duas Colunas: Notícias do Teatro Nacional São João. N.º 12 (Jun. 2004). p. 13.
Teatro Nacional São João
13 e 14 de Julho
Sexta e sábado, às 21h30