A música e algumas palavras, filosofia, trivialidades, direitos, liberdades, ironias e o amor sempre o amor, para dizer da felicidade.
Da felicidade diz-se: momentos breves; revelações, poemas; disparates; caminhos menos percorridos; com sorte, constelações de pequenos nadas num mesmo dia. A súbita solidariedade de uma pessoa desconhecida, a tranquilidade de um bosque ao fim da tarde, a tontura depois de olhar um quadro ao canto da galeria, aquele instante em que a quantidade certa de álcool acontece na pista de dança, a intimidade de uma conversa em voz baixa num lobby de hotel, o silêncio de uma rua quieta numa noite de nevoeiro, as canções cantadas a plenos pulmões num carro cheio de gente, o mar o mar, um arrepio de frio na espinha, borboletas na barriga, sonhos, promessas, manifestações coletivas, futuros imaginados num passeio de mão dada à noite.
Da felicidade, ou de como a alcançar, Séneca diz que devemos escolher bem o caminho pois quanto mais conhecido e mais frequentado for o trajeto maior é o risco de ficarmos à deriva. Um salto, então, um auscultar da alma e o voo, sem medo de duendes, do espanto ou do vazio, entre afinidades e intuições, entre canções e histórias, e que lembra a felicidade de estarmos juntos, desses indizíveis momentos de conexão em que se perde a duração do tempo e vagueamos entre os seus anéis.
Da felicidade ou da importância de outros espaços para imaginar esses outros futuros, que ainda não conseguimos verbalizar.