A nova criação de Marta Cuscunà, Earthbound, é um monólogo para uma atriz e criaturas animatrónicas, que transforma em teatro o pensamento ecofeminista de Donna Haraway no livro Staying with the trouble. Um espetáculo de marionetas de ficção científica que explora um futuro não muito longínquo, no qual a manipulação do genoma humano traz vida de volta às áreas do planeta danificadas pela Humanidade. Estar à beira da extinção não é mais uma metáfora e Earthbound é um dos possíveis contos do novo mundo em que podemos encontrar-nos a viver amanhã. As criaturas singulares ganham vida no palco através das técnicas animatrónicas projetadas por Paola Villani e inspiradas nas obras da artista australiana Patricia Piccinini. Na sua construção colaboraram também artistas portugueses, João Rapaz e a sua equipa. Um espetáculo em que a tradição do teatro de marionetas italiano é contaminada com técnicas inovadoras de manipulação, uma das vertentes mais magnéticas e cativantes do teatro de Marta Cuscunà.
As criações singulares e carismáticas de Marta Cuscunà expressam-se através do teatro visual e de marionetas, com uma grande força emocional. Ao São Luiz já trouxe os espetáculos A Simplicidade Traída (La semplicità ingannata) e Sorry, Boys, que fazem parte da sua trilogia sobre a Resistência Feminina, e também Il Canto della Caduta. Marta Cuscunà nasceu em Monfalcone, uma pequena cidade operária conhecida pelo seu estaleiro, onde se constroem os maiores navios de cruzeiro do mundo, e por deter o recorde do número de mortes por doenças causadas pelo amianto. Estudou na Prima del Teatro: Scuola Europea per l’Arte dell’Attore, onde conheceu alguns dos grandes mestres do teatro contemporâneo. Em 2006 fez a sua estreia internacional com Merma Neverdies, espetáculo com marionetas de Joan Miró, dirigido por Joan Baixas, produzido por Elsinor-Barcelona para a Tate Modern, em Londres. Em 2007 voltou a atuar em Itália com Indemoniate, de Giuliana Musso e Carlo Tolazzi, dirigido por Massimo Somaglino. Em 2009 trabalhou em Espanha em Zoé, Inocencia Criminal, produção do Teatre de la Claca, Barcelona, encenado por Joan Baixas. Em 2009, ganhou o Prémio Scenario Ustica com E’ bello vivere liberi!, um projeto para uma atriz, cinco marionetas e uma boneca, escrito, dirigido e interpretado por Marta Cuscunà. Em 2011 obteve uma bolsa de estudos para participar em … think only this of me…, projeto para atores e músicos da Guildhall School of Music and Drama (Londres), dirigido por Christian Burgess. Em 2012 estreia A Simplicidade Traída e recebe a menção especial do Prémio Eleonora Duse. Em 2013 concebeu para o Gaypride em Vicenza a leitura The Beat of Freedom e interpretou Glauce em La città ha fondamenta sopra un misfatto, reescrita teatral de Medea, de Christa Wolf, escrita e encenada por Giuliana Musso. Em 2014 estreou Wonder Woman, leitura escrita e interpretada por Marta com Giuliana Musso e Antonella Questa, a partir da reportagem de investigação de Silvia Sacchi e Luisa Pronzato, jornalistas do Corriere della Sera que explora o tema da independência feminina financeira. Em 2015 estreou Sorry, Boys, terceira parte da sua trilogia sobre a resistência feminina, Premio Rete Critica 2017 para melhor espetáculo. Em 2018 estreou Il Canto della Caduta, em que combina o imaginário ancestral do mito de Fanes com os princípios da animatrónica, utilizada na manipulação das marionetas, e obtém o Premio della Critica, atribuído pela ANCT, l’Associazione Nazionale Critici del Teatro. Em 2019 recebe o Premio Hystrio – Altre Muse. De 2009 a 2019 fez parte do projeto Fies Factory da Centrale Fies. Em 2021 tornou-se artista associada do Piccolo Teatro di Milano.