Já são mais de três décadas que Francisco Sassetti conta quando quer medir a sua relação, que é muito profunda, com o piano. Nesse tempo, a sua carreira levou-o a apresentar-se por todo o país, mas também em palcos internacionais, de França e Bélgica à Alemanha e Espanha passando pelos Estados Unidos ou Uruguai, muitas vezes ao lado de grandes nomes da música portuguesa, como Maria João, por exemplo. Ute Lemper foi uma das artistas internacionais com quem gravou. Este novo trabalho a solo marca uma nova etapa da sua vida, mostrando-o também como compositor, abrindo as portas para um lado mais íntimo e secreto da sua personalidade. “Na realidade”, conta o músico, “a maioria dos temas já tem cerca de 10 anos. Depois da morte do meu irmão, Bernardo, em 2012, comecei a compor compulsivamente, quase como se quisesse continuar a obra dele, tão tragicamente deixada a meio. Era uma forma de lamento e, também, um espaço de paz e silêncio. Por outro lado, o exigente trabalho como concertista e professor (na Escola Superior de Música de Lisboa e na Orquestra Metropolitana, entre outras instituições) não me deixava muito tempo para terminar as composições, o que, entretanto, consegui”. Esse sentimento de perda ajuda a explicar o lado contemplativo e cinemático das suas peças, muito líricas, que se desenvolvem numa trama que soa quase mágica e que é indubitavelmente plena de emoção. Temas como Dawn, Home ou Goodbye deixam transparecer o peso emocional que se enreda nas melodias que nos tocam no lado mais fundo. Triste, mas nunca sombria, introspetiva e nostálgica, esta música também vibra com vida e paixão e afirma o nome de Francisco Sassetti no panorama da cena neoclássica.
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