Conta-nos Jorge Silva Melo que enquanto Maria João Luís interpretava Stabat Mater no nosso palco (Junho 2008) a pensou a interpretar Ibsen e a pensou a interpretar Hedda; não “tal e qual”, mas rescrita pela mão de José Maria Vieira Mendes. Na penumbra do palco surgiu então Jorge Salavisa, que abraçou a ideia com “entusiasmo e simpatia”.
“Com José Maria Vieira Mendes queremos voltar a visitar o espaço do interior burguês que Henrik Ibsen escalpelizou. Segredos, frustrações, amores escondidos, dinheiro, inveja voltam a circular por entre portas que se entreabrem, gavetas que se fecham, papeis que reaparecem, cartas de amor. Como poucos, Ibsen analisou o mal-estar da mulher ao finalmente assumir um papel relevante na sociedade. Hedda é uma das suas maiores criações, um ‘Hamlet feminino’. E quem é Hedda Gabler, a filha do general? O nome de Hedda é Hedda Tesman. Gabler é o nome de solteira. Sobre o título, Ibsen escreveu: ‘A minha intenção em dar-lhe este título era indicar que Hedda como personalidade deve ser vista mais como filha do seu pai do que como mulher do seu marido’.”
Jorge Silva Melo