Um dos aspetos que distingue a música de Beethoven é a vontade de transcender o entretenimento e o exibicionismo técnico. Assume-se como expressão de ideais, como se mantivesse uma relação privilegiada com o mundo e com a posteridade. Por isso se tornou universal. De tal modo que, ainda hoje, a encaramos com a familiaridade de uma presença, apesar dos dois séculos que nos separam. Esta aura resoluta corresponde, porém, ao período intermédio da sua carreira, anunciado pela estreia da Sinfonia Eroica, em 1805. Os cinco concertos para piano ilustram exemplarmente o trajeto criativo que aí o trouxe. Os três primeiros pertencem a uma fase anterior, quando as referências de Haydn e Mozart o orientaram na busca de uma identidade própria. Os dois últimos espelham de forma mais evidente o ímpeto e a audácia que se tornaram “imagem de marca”. Por ocasião do 250.º aniversário do seu nascimento, esta integral lembra-nos, ainda, que o músico de Bona também foi um grande pianista. Já em 2012 António Rosado o havia feito, quando interpretou a integral das (trinta e duas) sonatas para piano. Junta-se desta vez à Orquestra Metropolitana de Lisboa para enfrentar mais este desafio. Os grandes intérpretes preferem obras assinadas por quem conhece os segredos dos instrumentos que tocam. Quando assim acontece, são os ouvintes quem mais sai a ganhar.
Programa
Quarta-feira, 7 de outubro, 21h
L. v. Beethoven, Concerto para Piano e Orquestra N.º 1, Op. 15
L. v. Beethoven, Concerto para Piano e Orquestra N.º 4, Op. 58
Sexta-feira, 9 de outubro, 21h
L. v. Beethoven, Concerto para Piano e Orquestra N.º 3, Op. 37
L. v. Beethoven, Sinfonia N.º 8, Op. 93
Domingo, 11 de outubro, 17h30
L. v. Beethoven, Concerto para Piano e Orquestra N.º 2, Op. 19
L. v. Beethoven, Concerto para Piano e Orquestra N.º 5, Op. 73, Imperador