Interior, agora isolado ou a solo pela segunda vez, nasceu em 2004 e foi parte de um díptico, Luz/Interior, no qual Rita Só colaborou com Carlos Pimenta e Mónica Calle. O espetáculo propôs-se a uma releitura da dramaturgia de Peter Handke, através da construção de dois monólogos a partir das peças Publikumsbeschimpfung (Insulto ao Público, 1966) e Selbstbezichtigung (Introspeção, 1966). Dois espaços, dois textos, dois encenadores, uma atriz. Introspeção, que inspirou o monólogo Interior, faz parte de um conjunto de textos a que Handke chamou Sprechstücke (Peças Faladas), “dramas sem imagens, na medida em que não fornecem qualquer imagem do mundo. Elas manifestam o mundo não sob a forma de imagens, mas sob a forma de palavras e as palavras destas peças não apontam para o mundo como algo exterior às palavras, mas para o mundo como ele existe nas próprias palavras”. Neste canibalismo teatral, inconforme com os convencionalismos dos formatos, cabe à linguagem, o papel principal enquanto material teatral. Adotando um discurso escrito na primeira pessoa do singular, Handke, num enunciar mântrico, infinito e universal, descreve a aprendizagem da vida numa reflexão que contempla o espaço, o tempo, a ação e a inação, o bem e o mal, o individual e o coletivo, o imanente e o transcendente. “O texto Introspecção fala no processo de sociabilização humano, numa aprendizagem de códigos que fazemos. A construção do espetáculo aconteceu a partir da palavra e do seu peso. Existe uma ideia de evolução que é transmitida ao espectador através dos gestos inicialmente rígidos de Rita Só, da sua progressão do escuro para a luz, da sua humanização através da palavra”, descreve Mónica Calle.
Interior (2004)
Rita Só e Mónica CalleRECUPERAR O CORPO
13 e 14 novembro
sábado e domingo, 19h e 20h30
Sub-palco Sala Luis Miguel Cintra
1h
€7
M/16
Descrição
Ficha Técnica
Espetáculo de Rita Só e Mónica Calle