A multipremiada fadista LINA_ está de regresso com um novo trabalho editado mundialmente pela editora alemã Galileo Music em janeiro de 2024. O título deste trabalho é LINA_ Fado Camões e conta com a Chancela de Manifesto de Interesse Cultural. Aclamado pela crítica nacional e internacional, atingiu o nr #1 do top europeu de World Music – World Music Charts Europe -, o nr #2 no Transglobal World Music Charts Worldwide e ainda top of the world tracks da revista britânica Songlines Magazine.
Este espetáculo apresenta a poesia de um dos mais notáveis poetas portugueses, Luís Vaz de Camões, adaptada ao fado tradicional e produzido pelo britânico Justin Adams (Robert Plant – Led Zeppelin, Tinariwen, Souad Massi), com arranjos de John Baggott (Massive Attack e Portishead), num trabalho que ao vivo conta com Ianina Khmelik (piano e sintetizadores) e Pedro Viana (Guitarra Portuguesa), incluindo vídeos do Collective of Two, design de iluminação de Tela Negra (Miguel Ramos) e som ao vivo de Marco Silva.
“Somos cativados pela beleza da sua voz, pela força da sua presença” – Patrick Labesse (que considerou LINA uma das artistas europeias a ser seguida com atenção durante 2024), Le Monde
“Lina traz para o futuro “aquilo que nasceu tão simples”, agarrada à intemporalidade de Camões e sem medo da desconfiança da ortodoxia. O fado ganha uma nova respiração” – João Lisboa, Expresso *****
“No fundo, o fado de Lina está todo na voz. Os instrumentos (…) só estão lá para ampara-la e confirmar-lhes os passos” – Gonçalo Frota, Público ****
https://www.youtube.com/@Linamusicfado
Lina.
A primeira vez que ouvi a Lina foi quando a Carmo e o António Cunha da UGURU me ofereceram o disco onde a colaboração com o catalão Raul Refree se concretizou para homenagear Amália. E nas primeiras sonoridades graves de Medo com a bela voz secundarizada por sequenciadores/drones/electrónicas em fundo, algo me sobressaltou e confortou. A tensão entre o virtuosismo do fraseado melódico e aqueles baixos contínuos sintetizados num qualquer futuro mecanizado eram traduzidos numa nuance de fado que eu desconhecia. Talvez seja da ordem do impressivo particular, mas quero crer que Lina estabelece logo nesse registo um ângulo, dessa coisa chamada fado, que eu não conhecia. E que proeza, num género em que não cessam os registos mais ou menos canónicos, e que nesta relação com a saudade, a guitarra ou a falta dela e a voz, se inventa um novo lugar numa tradição com estantes e estantes de teoria.
No segundo andamento que a fadista nos apresenta, nesta casa que passa a ser também dela, será Camões, esse fadista esquecido das autoridades oficiais, o homenageado.
Novamente a clareza das linhas, o alcance misterioso na forma como a voz canta as palavras tiradas da poesia lírica de uma edição de Maria Vitalina Leal de Matos, mas também o encontro com o produtor Justin Adams (Tinariwen, Led Zeppelin), que confirmam Lina como um sortilégio que decerto se agigantará. Desamor ou Amor é um Fogo Que Arde Sem Se Ver são dois momentos que perdurarão connosco nas suas linhas de minimal presságio que, como escrevia Luiz Vaz, “vem não sei como e dói não sei porquê”.
Miguel Loureiro (diretor artístico do Teatro São Luiz)