Depois de um disco e de um jornal ilustrado, o espetáculo Samba de Guerrilha é a terceira fase de um projeto de investigação musical do brasileiro Luca Argel, com regravações de sambas de épocas diversas, em que cada canção é permeada por um texto que a contextualiza, ligando um tema a outro e tecendo uma linha narrativa. Cada história reflete um episódio de resistência política contra a escravidão e o racismo, protagonizada pelas manifestações culturais da diáspora africana no Brasil. Lutas que tiveram no samba uma testemunha ou mesmo um instrumento de denúncia e subversão de uma lógica colonial que rege as relações sociais no país e até hoje não foi superada. As regravações não reproduzem a sonoridade tradicional do género — muito pelo contrário. Os arranjos das músicas utilizam instrumentos e texturas de outros géneros, como o rock, o hip-hop e a música eletrónica. No palco, Samba de Guerrilha faz os cruzamentos interdisciplinares presentes no projeto desde a sua génese, com uma banda dirigida por Luca Argel, que toca as suas músicas, e também um trabalho de dramaturgia que apresenta as histórias por detrás das canções, com encenação e desenho em tempo real a cargo do ilustrador português António Jorge Gonçalves.

FOLHA DE SALA