Nesta cocriação entre o Teatro de Ferro e o Teatro de Marionetas do Porto, as companhias portuenses laboraram em conjunto para construir uma máquina-do-tempo em que se imagina uma tentativa de ressuscitar o grande poeta Maiakovski algures numa linha temporal alternativa. Aos habitantes desse tempo-da-máquina vamos chamar Os do Futuro. Nesse tempo-do-teatro está em marcha um programa experimental de ressurreição humana. Maiakovski é um dos humanos do passado que Os do Futuro desejam conhecer. Envolvido neste teatro-do-tempo, o poeta da revolução acaba por ser apanhado numa das suas armadilhas. As coisas complicam-se, mas Os do Futuro não desistem do seu desígnio, pois a poesia e o teatro de Maiakovski estão cheios de mensagens que eles assumiram que lhes eram endereçadas.
Através desta ficção, talvez pouco científica e habitada por atores e marionetas, vamos (re)animar alguns objetos do complexo universo de Vladimir Maiakovski: imagens, poemas e fragmentos de peças da sua máquina-do-teatro. Artefactos em que descobrimos alguns traços inconfundíveis deste autor: a ruptura deliberada com as estruturas tradicionais e o diálogo sistemático (embora nem sempre pacífico) entre o ativismo político, o desejo amoroso, o trabalho da poesia e uma espécie de troca de correspondência constante com o futuro.