Na celebração dos 125 anos, o Teatro São Luiz convida o pianista e compositor Filipe Raposo [pianista residente da Cinemateca Portuguesa] a criar uma partitura original para a obra prima do Expressionismo Alemão, Metropolis, de Fritz Lang. A nova partitura para orquestra de câmara com 15 elementos é, em si, uma reflexão sobre a visão distópica das grandes cidades onde impera a verticalidade massiva, texturas densas, planos simétricos e ambientes sonoros rítmicos que evocam as engrenagens das maquinarias pesadas e, simultaneamente, um olhar do futuro (o nosso presente) para o passado. Uma encomenda do São Luiz que surge como gesto simbólico, a ligar a memória do Teatro (aqui se estreou o filme Metropolis em Portugal) ao seu próprio futuro.
São Luiz 125 Anos
1928
Logo em 1896, dois anos depois da sua abertura, o Theatro D. Amelia torna-se a segunda sala a apresentar, em Portugal, imagens em movimento. Em 1907, inaugura-se o animatógrafo The Wonderful, no Jardim de Inverno. E durante anos vão existindo sessões esporádicas de cinema. Em 7 de abril de 1928, o já chamado Teatro São Luiz é rebatizado de São Luiz Cine, transformando-se em cinema. A primeira sessão faz-se com a estreia em Portugal do filme Metropolis, de Fritz Lang. A exibição tem o acompanhamento de uma orquestra de câmara de 15 elementos, dirigida pelo maestro Pedro Blanch que executa a partitura de Gottfried Huppertz, tal como na estreia em Berlim no ano anterior. Uma obra-prima, expoente do expressionismo alemão, que cá, como no resto do mundo, não tem uma grande receção. No São Luiz Cine fica menos de duas semanas em cartaz. A tela havia de se encher rapidamente com outras imagens numa das salas que, em 1930, haveria de se tornar uma das primeiras a equipar-se para a era do cinema sonoro, continuando a estrear em Portugal os filmes mais importantes do momento.
Apoio: Fundação Murnau – Friedrich Wilhelm Murnau Foundation