Mil e Uma Noites é um projeto cívico e artístico de longa duração que, através do teatro radiofónico, resgata do esquecimento a obra de mulheres portuguesas do século XX. Qual Xerazade, embalam-se os ouvintes, apaixonando-os por uma constelação de mulheres esquecidas, apagadas, censuradas e torturadas. No Teatro São Luiz, acontecem dez sessões de escuta, a partir de temáticas tão distintas como canções de trabalho ou cartas de guerra.
13 dezembro
10h30 e 14h30 (Escolas)
Canções, Saias e Paixões
público-alvo: M/6
A primeira sessão canta e fala da mulher através de textos e cantigas passadas de boca em boca, propondo uma viagem no país de vozes. Começa-se em Alegrete – aldeia na Serra de S. Mamede (Portalegre) – e navega-se à bolina entre o Alto Douro, Sousel e Arouca. Questionam-se tons, sotaques, brinca-se aos amores e aos trabalhos, canta-se, também. Porque quem canta, já se sabe, seus males espanta.
14 dezembro
10h30 e 14h30 (Escolas)
Mulheres que escreveram infâncias
público-alvo: M/10
Quando escrevemos para a infância, estaremos também a escrever sobre as nossas infâncias? Através de textos de Maria Regina Louro, Zulmira Oliva, Vitorina Agostinho, Celina Pereira, Deolinda da Conceição e Matilde Rosa Araújo, abraçam-se pensamentos de crianças sobre o mundo e propõe-se ouvir e refletir sobre o dia das mulheres-a-dias, sobre as noites das meninas abraçadas a bonecas, sobre a madrugada das mulheres aninhadas aos filhos, sobre as mulheres que, sem que ninguém publicamente as admire, limpam e sonham o mundo.
15 dezembro
10h30 e 16h30 (Escolas)
Elas estiveram nas prisões do fascismo
público-alvo: M/12
A partir do livro homónimo, lançado pela URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses, trabalha-se o espólio de cartas de Ivone Dias Lourenço, Maria Luísa Costa Dias, Aida da Conceição Paula, Maria Alda Nogueira, Fernanda Paiva Tomás, bem como testemunhos que permitem vislumbrar a resistência feminina e feminista ao regime que assombrou Portugal entre 1933 e 1974.
16 dezembro
10h30 (Escolas) e 19h30
Corpo a corpo, olhos nos olhos
público-alvo: M/16
Judith Teixeira viu a sua obra Decadência ser queimada, devido à liberdade com que escreveu sobre o seu corpo e sobre os corpos que amou. Esta sessão traça, a partir dela, uma poética sobre o erotismo do corpo, para a qual convoca também as palavras de Beatriz Rodrigues Barbosa, Maria Helena Barreiro, Fiama Hasse Pais Brandão e Maria Teresa Horta. Entre o sussurro e o grito, fala-se corpo a corpo, olhos nos olhos, sobre amor.
17 dezembro
16h e 19h30
Crónicas autobiográficas
público-alvo: M/16
Maria Lamas escreveu uma das obras feministas reconhecidamente fundamental à História do século XX: Mulheres Do Meu País. Esta sessão trabalha o universo autobiográfico de, para lá de Maria Lamas, outras quatro mulheres: Natércia Freire, Maria Archer, Fernanda de Castro e Maria Velho da Costa, pioneiras, revolucionárias, acutilantes, que emprestam instrumentos de leitura preciosos para viajar no tempo. Mais do que uma reflexão imediata sobre que mulheres fomos no século passado, importa refletir também sobre quem somos – e com que liberdade de ser e de estar somos hoje, no século XXI.