Os papéis femininos são marcantes nas obras de Shakespeare. Embora relegadas para segundo plano, por contingências certamente mais sociais que dramatúrgicas, o autor inglês mostra-nos, apesar de tudo, como influenciam de forma decisiva as decisões dos homens, que se assumem como centro de decisão e poder. Afinal, o que representa e qual a relevância do espírito feminino na obra de Shakespeare e como se define num contexto assumidamente masculino que impedia as próprias mulheres de se apresentarem em cena? Será somente um contraponto que permite justificar as ações dos homens ou, por outro lado, o seu enaltecimento é assumido pelo bardo como uma espécie de “fuga à censura” e às contingências políticas e sociais da sua época? Recorrendo a uma única atriz em cena que se apresenta como espírito do feminino – convocando diversas personagens e personalidades – procura-se analisar a questão da presença da mulher no âmbito da dramaturgia shakespeariana. Além de Emília Silvestre, que dá corpo e voz às mulheres de Shakespeare, e de Sofia Fernandes, que canta alguns dos sonetos, Mulheres de Shakespeare conta com a dramaturgia de Fátima Vieira e Matilde Real, grandes conhecedoras das obras e temáticas shakespearianas reforçando, desta forma, o trabalho sobre a questão do feminino que determina a realização do projeto.
Neste espetáculo usa-se luz estroboscópica.
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