A Ópera do Castelo apresenta no São Luiz, em estreia absoluta, a ópera de câmara O Homem dos Sonhos, com música e libreto do compositor António Chagas Rosa, um dos mais relevantes compositores portugueses da atualidade. Um projeto “sonhado” desde há longa data, inspirado na matéria dramática e visionária da obra de Mário de Sá-Carneiro, a partir do seu conto homónimo.
Esta ópera, em sete cenas, reflete sobre a condição humana, sobre o ténue fio entre a loucura e a sanidade, entre o sonho e realidade, resumindo a eterna insatisfação humana e a sua continua obsessão em transcender limites de tempo, de espaço e de género. E ainda sobre o fascínio premonitório e estruturante do próprio sonho, já que é ele afinal que modela e guia o ser humano na sua marcha existencial, enquanto sociedade global e enquanto indivíduo. Tudo o que somos já foi porventura sonhado e transformado em matéria visível.
Um misterioso e elegante homem (encarnado pelo soprano Catarina Molder, o alter-ego do poeta) conseguiu atingir a suprema felicidade, ao transcender a barreira do sonho, ultrapassando a fastidiosa rotina da vida, e viver tudo o que sonhava: viajava em sonho a países de cores novas e indescritíveis, a cidades onde o gás que se respirava era composto por música, a países onde havia mais do que dois sexos, onde a alma era visível e o corpo justamente não…
“Eu dominei os sonhos. Sonho o que quero. Vivo o que quero.”