Peça do Coração: EXCALIBUR, dirigida pela coreógrafa e bailarina Mariana Tengner Barros, projeta cruzamentos disciplinares em colaboração com o artista gráfico Mark Angelo e a equipa da A Bela Associação. Este projeto surge da vontade de valorizar a Natureza, com foco especial nas árvores e na importância que estas têm no equilíbrio dos ecossistemas. O processo de criação teve origem no mapeamento das árvores mais antigas da área da grande Lisboa. Foram escolhidas 4 áreas em torno das árvores identificadas: Alcântara, Lumiar, Loures e Benfica. Grande parte da pesquisa desenvolveu-se sob ações simbólicas resultantes do diálogo com a comunidade local, workshops gratuitos, pequenas performances e gravações de vídeo.
Esta fase do projeto chamou-se Floresta Invisível, espaço de performance autónomo, temporário e móvel. O material recolhido e trabalhado nesta fase compõem a dramaturgia de Peça do Coração: EXCALIBUR. Na sua criação são também incluídas estratégias que permitem produzir conteúdos acessíveis a pessoas cegas e surdas. É muito importante para a equipa deste projeto que este possa contribuir para a erradicação do preconceito e exclusão em relação a pessoas com deficiência. Pretende-se que Peça do Coração: EXCALIBUR seja um objeto híbrido, composto por vários fragmentos desta experimentação, que convide o público a abrir os sentidos, na procura de conferir visibilidade ao invisível, som ao silêncio e forma ao desconhecido, numa viagem imersiva e interativa.
O projeto conta também com a criação de um website para documentar, partilhar e disponibilizar vídeos em streaming, de forma mapear as conexões entre árvores, comunidades e territórios, assim como depoimentos e registos fotográficos, ou em vídeo, do trabalho estabelecido com as diversas comunidades. Este conjunto de dados recolhidos será apresentado no contexto da desflorestação nacional.
Enquanto todos se perguntam se a vacina russa funciona realmente, a ZDB propõe a sua própria luso-medicina: mais espírito do que agulha. A sua eficácia: saber o que significa inclusão e conseguir criar colaborações entre a comunidade. Por essa razão, a Zé dos Bois foi desafiada a agendar um ciclo que terá lugar entre 29 de setembro e 2 de outubro de 2020, antecipando o seu 26º aniversário, num acolhimento do Teatro São Luiz.
A ZDB propõe uma programação nacional, e como habitualmente, desperta – através da apresentação de um programa de performances, música e as suas interseções com as artes visuais – as curiosas ligações entre entidades que por vezes parecem antagónicas. Neste programa, novas particularidades sonoras e musicais são combinadas com performances e propostas visuais desafiantes.
O corpo, uma segunda e até terceira natureza, é questionado pelos marcos performativos do mundo contemporâneo, defendendo ao mesmo tempo um olhar que vai além do visível e do invisível (Mariana Tengner Barros). Definições mais conscientes de si mesmas, levam-nos a emancipar-nos da separação entre o pessoal e o político, através de viagens astrais de natureza especulativa e ainda desconhecida (Odete e Alice dos Reis). A mecânica do analógico adquire um significado abstrato numa demonstração de feedback audiovisual (Pedro Sousa). O concetualismo mais depurado é fundido com uma tradição musical portuguesa reinventada (Lula Pena e João Simões). A sexualidade diz adeus ao género, o corpo humano aproxima-se de um género-objeto (Dinis Machado). A voz relatora de uma comunidade amplifica-se a projetar futuros possíveis (Tristany). A pop de vanguarda faz agora mais sentido do que nunca e voltamos a desfrutar como fazíamos, antes do momento em que tudo nos pareceu perdido (Alek Rein, Primeira Dama).