“Eu sei tudo sobre o amor, a sério.” Uma criação de Victor Hugo Pontes que vira do avesso um clássico da literatura, para lhe vermos bem as costuras. Partindo de Romeu e Julieta, de Shakespeare, Victor Hugo Pontes edifica, na sua singular linguagem coreográfica, um trabalho onde o movimento se enlaça à palavra. Com texto original de Joana Craveiro, a adolescência (contemporânea, não isabelina) é colocada em pano de fundo, porque é aí que tudo acontece pela primeira vez. Conduzidos por uma pesquisa documental e afetiva, entramos nos quartos dos que se iniciam na ideia do “amor para sempre”, um tempo de excessos e madrugadas longas. Entramos ainda no caleidoscópico universo de um coreógrafo que não se esquiva a mais um exercício criativo assente num clássico (tal como fez com Tchékhov e Pirandello), nem a mais uma incursão pelas experiências de vida de quem com ele construiu este espetáculo (tal como Margem ou Meio no Meio). Porque é infinito constitui, por fim, uma reflexão sobre a linguagem que usamos para definir um verbo – amar – tão difícil de conjugar. “Amor? Isso é exatamente o quê?”