No primeiro espetáculo do ciclo Sete Anos Sete Peças, Cláudia Dias propõe-se reconstituir um combate de boxe. Punhos cerrados, full contact, em Segunda-Feira: Atenção à Direita!, uma coisa parece certa: Cláudia Dias e Jaime Neves vão dar e levar na boca literal e metaforicamente. Pertencentes a uma comunidade que tem sido levada ao tapete vezes sem conta, quando se esmurrarem com argumentos, entre os prometidos sangue, suor e lágrimas, faz-se luz, como nas fábulas esclarecidas. Ao sentimento de opressão, de que se libertam combatendo, opõe-se o sentimento de solidariedade, entre pares, que se reforça no combate, quando eles se reconhecem como iguais. Punhos cerrados. Destas forças contrárias, sai atrito bastante para passar das palavras aos atos.
No Teatro São Luiz, Cláudia Dias apresenta os cinco espetáculos do seu projeto Sete Anos Sete Peças, iniciado em 2016. Cada espetáculo, concebido com um parceiro ou parceira artística diferente, leva o nome de um dos dias da semana, seguido de um subtítulo, e faz a ligação entre artistas, pensadores, países e cidades, passado, futuro e presente, arte e ação política. O todo é maior que a soma das partes. Seguir cada peça e acompanhar a sequência é uma experiência diferente de ver cada uma delas, isolada ou alternadamente. Cinco peças mais uma, essa formada pelo todo; ou ainda inúmeras outras, resultantes das várias combinações possíveis e da coleção particular que cada um queira e possa fazer. No São Luiz, os espetáculos complementam-se com um ciclo de conversas e uma oficina do ilustrador António Jorge Gonçalves, responsável pelo desenho e grafismo dos livros deste projeto.
Conversas Dias Úteis – A arte da competição
Moderadoras: Catarina Pires e Raquel Lima
Artista: Cláudia Dias
Convidados: Boaventura Sousa Santos (zoom) e Álvaro Pato
A primeira peça do ciclo Sete Anos Sete Peças parte do famoso combate de boxe entre Muhammad Ali e George Foreman, realizado em 1974, em Kinshasa, e leva-nos a refletir sobre a luta, a resistência, o colonialismo, a diferença entre inimigo e adversário, os limites da coragem física, as relações entre norte e sul, esquerda e direita, passado e futuro, amor e ódio. A conversa que se seguirá à apresentação da peça procurará aprofundar estes temas com a artista Cláudia Dias e as pessoas convidadas.
O Teatro São Luiz informa que as conversas após espetáculos serão gravadas para posterior transmissão online.