O duo de Camila Nebbia e Sofia Borges está longe de ser simplesmente mais um projeto nas suas carreiras. Ambas têm muitas características em comum – não apenas o facto de serem duas estrangeiras a viver em Berlim: Nebbia é originariamente da Argentina e Borges nasceu em Portugal. Para além da música, ambas têm uma atividade paralela nas artes visuais e performativas. Nebbia com Super 8, arquivos destruídos, cinema expandido e vídeo digital, e Borges envolvendo-se em espetáculos de dança e teatro. Seja como for, a música é o seu principal medium criativo, Nebbia no saxofone tenor e Borges desdobrando-se em vários instrumentos e materiais: bateria, percussão, field recordings e eletrónica, exploram novas formas de misturar improvisação e composição escrita. Camila Nebbia é muito cinemática e imagística na sua maneira de tocar e Sofia Borges torna mais performativa a, já por si, natureza do concerto enquanto ato de performance, tal acontece a solo ou em associações com músicos importantes como Michael Formanek, Tom Rainey, Susana Santos Silva, Craig Taborn, Mat Maneri, Axel Dörner e Robyn Schulkowsky, entre muitos outros.
Uma música que experimenta e investiga as relações entre tempo e espaço, lidando com fatores como a memória e a identidade e expandindo as linguagens estabelecidas, para procurar outras possibilidades e outras configurações. O objetivo: inventar campos sónicos inesperados, tanto estruturados como espontâneos, ou ainda estruturados e espontâneos na mesma peça, de modo a que os dois âmbitos se indiferenciem. Quanto, num tema, há de improvisado e quanto há de composto? Só Camila Nebbia e Sofia Borges o sabem.