O Artaud disse: “É preciso dar ao ser humano um corpo sem órgãos, só assim o libertaremos de todos os seus automatismos e o restituiremos à sua verdadeira liberdade. Voltaremos então a ensiná-lo a dançar do avesso e esse avesso será o seu verdadeiro direito”.
A Emma Goldman parece que disse: “Se eu não puder dançar na vossa revolução, então não vou”.
O Espinoza perguntou: “O que pode um corpo?”.
Estas são as palavras de ordem do trabalho colectivo SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino), que no São Luiz assinala conjuntamente o Dia Mundial da Dança e o Dia da Liberdade, e que leva os seus criadores-intérpretes a transitar para uma sub-região (o sub-palco) e a expor uma ideia de dança: uma dança do corpo todo e de tudo o que o rodeia, que tudo absorve para existir, que tudo cruza e entrecruza, que não separa o corpo do espírito. Que nos diz respeito a todos e que é ‘tu cá tu lá’ para todos, porque todos temos corpo. E experiências com esse corpo: de espaço, de tempo, de liberdade. Estas premissas levararam à conclusão de que este deve ser um trabalho onde todos possam viver de igual forma a liberdade do seu próprio corpo. Assim, SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino) é um convite ao corpo nu, onde usar roupa é opcional para o espectador. Os criadores propõem-se, e propõem aos espectadores, praticar a nudez e experimentar algo que raramente temos oportunidade de experimentar na nossa sociedade: a nudez sem corar, a nudez sem vergonha, a nudez sem constrangimento. ‘Vergonhas’ não são o nosso sexo ou qualquer outra parte do nosso corpo. As verdadeiras vergonhas são: a especulação financeira (fazer dinheiro com dinheiro e não com trabalho ou produção reais); a destruição do planeta pela ganância global desenfreada as empresas multinacionais e a finança globalizada governando o mundo.