Na segunda criação do projeto Sete Anos Sete Peças, Terça-Feira: Tudo o que é sólido dissolve-se no ar, Cláudia Dias inspira-se no universo dos desenhos animados de Osvaldo Cavandoli. Em palco, com Luca Bellezze, constrói uma narrativa visual, usando uma linha para contar a história de um menino de dez anos, cujos avôs foram expulsos primeiro da Palestina e depois do Líbano, e que viaja da Síria até Itália. Num tempo em que estão na ordem do dia as linhas divisórias, as fronteiras, as barreiras, as linhas da frente e de mira dos conflitos bélicos, as fileiras e as linhas de identificação do drama dos refugiados, as linhas de respeito dos limites marítimos das nações, as linhas duras das fações radicais de organizações políticas e religiosas, Cláudia Dias e Luca Bellezze trabalham (n)uma linha unificadora, capaz de juntar o que se encontra separado.
No Teatro São Luiz, Cláudia Dias apresenta os cinco espetáculos do seu projeto Sete Anos Sete Peças, iniciado em 2016. Cada espetáculo, concebido com um parceiro ou parceira artística diferente, leva o nome de um dos dias da semana, seguido de um subtítulo, e faz a ligação entre artistas, pensadores, países e cidades, passado, futuro e presente, arte e ação política. O todo é maior que a soma das partes. Seguir cada peça e acompanhar a sequência é uma experiência diferente de ver cada uma delas, isolada ou alternadamente. Cinco peças mais uma, essa formada pelo todo; ou ainda inúmeras outras, resultantes das várias combinações possíveis e da coleção particular que cada um queira e possa fazer. No São Luiz, os espetáculos complementam-se com um ciclo de conversas e uma oficina do ilustrador António Jorge Gonçalves, responsável pelo desenho e grafismo dos livros deste projeto.
Conversas Dias Úteis – A arte da inocência
Moderadoras: Catarina Pires
Artista: Karas
Convidados: Shahd Wadi e Carlos Marques
Terça-feira conta a rota de um menino de dez anos, Omar, em direção ao Ocidente, numa narrativa que nos põe dentro da história e ao mesmo tempo nos coloca no nosso lugar, o de espectadores, mais ou menos passivos, mais ou menos cúmplices, mais ou menos solidários, mas sempre espectadores do que há décadas se passa no Médio Oriente. Quem ganha com este conflito? Qual o papel do Ocidente na sua perpetuação ou na sua resolução? Como podemos aceitar os campos de refugiados debaixo dos nossos olhos? Que caminho fazem e que lugar lhes é devido nos territórios onde procuram refúgio? Como dar-lhes uma voz e uma vida e como é que a arte pode fazê-los ouvir? Sobre tudo isto conversaremos com o artista Karas e pessoas convidadas.
O Teatro São Luiz informa que as conversas após espetáculos serão gravadas para posterior transmissão online.