A continuidade da presença do São Luiz no Festival de Almada faz-se numa parceria com a Metropolitana.
“Meio queijo da Suíça | Mais chucrute com linguiça | Naftalina e benzovaque | Mais película de Kodak | Ananás e anisette | Mais pickles e chiclete | Alcatra, bife do acém | Misturar e mexer bem”. Junte-se uma orquestra em convulsão, um maestro irritável mas persistente, duas personagens insólitas cuja passagem é como um furacão cru e grotesco que subverte a realidade, descobrindo-a sempre mais simples e transparente e mais cruel do que gostamos de pensar e o resultado é: Uma Bizarra Salada.
Há quase cem anos, o Dadaísmo e o Surrealismo irromperam como formas de nos confrontar com as distâncias entre o mundo normal, aquele de que nos fala a narrativa oficial, e o mundo real, onde a desconformidade e o acaso determinam a sua lei. Dessa distância nasce um intervalo cómico que Karl Valentin explorava sobretudo através do acidente da linguagem e que nos permite hoje olhar o mundo em crise e reflectir, brincando, sobre a natureza do seu desarranjo.
A Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida por Cesário Costa, encontra Bruno Nogueira e Luísa Cruz, sob o olhar atento de Beatriz Batarda, no reensaio de alguns dos textos onde Valentin aproveita a metáfora da orquestra – corpo social complexo, mais problemático do que parece quando visto de fora – para questionar o mundo e as suas perplexidades. Um concerto onde as palavras irrompem? Um espectáculo de teatro em que a personagem principal é uma orquestra? Um recital absurdo onde dois comediantes improváveis estilhaçam a ideia simples de construir um espectáculo didáctico? Ninguém sabe. É Uma Bizarra Salada!