Numa pausa dos ensaios, a soprano e diretora artística de O Homem dos Sonhos e o compositor da obra juntaram-se para trocar ideias sobre esta estreia absoluta no São Luiz. A adaptação do conto de Mário de Sá-Carneiro levou-os numa viagem imaginada há muito, que aqui desvendam ao falarem desta ópera em sete cenas que é uma reflexão sobre a condição humana e o ténue fio entre a loucura e a sanidade. Um misterioso e elegante homem consegue atingir a suprema felicidade, ao transcender a barreira do sonho e ultrapassar a fastidiosa rotina da vida, vivendo tudo o que sonhava: viajar para países de cores novas e indescritíveis, onde o gás que se respira é composto por música, onde existem mais do que dois sexos, onde a alma é visível e o corpo não… E um interlocutor que anseia por ele, que o ouve e o receia. O Homem dos Sonhos convida-nos a entrar num jogo de permanente tensão entre alter-egos, de tortuosas relações a dois, de atração e repulsa, de sedução e destruição, de manipulação e obsessão. O resumo da eterna insatisfação humana e da vontade de transcender limites.
(Vídeo: Tiago Inuit)